domingo, 13 de dezembro de 2009

Filmes e História - III


De: Mark Herman
Argumento: Mark Herman

Esta é a história de dois rapazes de 8 anos que se tornam amigos durante a II Guerra Mundial, com um único problema: um é judeu, Shmuel (Jack Scanlon), e está num campo de concentração no Norte da Alemanha; o outro é Bruno (Asa Butterfield), filho do militar alemão responsável pelo campo onde Shmuel é prisioneiro (David Thewlis). A sua amizade está barrada pelas grades que circundam o campo de concentração, e por toda a mentalidade de um povo.

Numa primeira abordagem, este filme retrata perfeitamente, a meu ver, a realidade vivida durante a segunda Grande Guerra; desde a diferença entre as duas crianças - a inocência de uma e o crescimento permaturo de outra - ao alheamento da população alemã da realidade dos campos de concentração (muito verificada no papel de Vera Farmiga, como mãe de Bruno, que ao descobrir o que realmente acontecia no campo dirigido pelo marido se revolta contra o mesmo e toda a instituição), à violência testemunhada nesta época e toda a concepção Nazi sobre a guerra e os judeus.
Através de uma história tão simples como o começo de uma amizade, travamos conhecimento com aquela diferença tão grande que existia entre uns e outros, aquela diferença que hoje questionamos com todo o fervor e na altura era totalmente natural, apesar daqueles que pudessem mostrar uma outra visão dos acontecimentos.
E, um factor importante, mostra a importância de Hitler e como era soberano, numa única cena: num funeral em que um filho coloca flores mandadas pelo Füher, sabendo que a mãe o desaprovaria por completo.


Assim se vê como a amizade entre duas crianças ultrapassa qualquer barreira! Assim se vê como o egoísmo de uns leva à infelicidade de outros! Assim se vê como, apenas porque se pensavam superiores, uns tinham mais direito do que outros!
Sem querer contar o final desta maravilhosa história, por aqui se vê como a realidade que julgamos certa apenas é questionada nas piores circunstâncias.


E deixo aqui um apelo: apesar de tudo o que eu aqui afirmo, e por toda a vertente técnica que, em conjunto, me fazem considerar The Boy In The Stripped Pajamas um dos melhores filmes de 2008, peço ao professor para não ter a (in)feliz ideia de mostrar este filme na aula, por um simples motivo: as minhas glândulas lacrimais não iriam aguentar.

Filmes e História - II

E vindo mesmo a propósito:


De: Dennis Gansel
Argumento: Dennis Gansel

O professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é o professor que todos os alunos gostavam de ter. Certo de que, na semana de projectos, lhe seria entregue a turma onde seria leccionada a anarquia, vê os seus planos mudarem quando a directora decide dar-lhe a turma da autocracia, tomando desde o início uma nova atitude: através de uma experiência, tenta demonstrar ao seus alunos se uma ditadura seria, ou não, possível, na Alemanha uma vez mais.
Baseado numa experiência realizada na California, Estados Unidos da América, Die Welle, um sucesso de bilheteiras na Alemanha, mostra uma realidade que pensamos bem diferente.

Já o tinha visto, mas revê-lo um prazer.
Não tinha conhecimento deste filme, até ao momento em que o meu colega de projecto de inglês (cujo tema se assemelha muito ao tema do filme) mo divulgou e, numa de pesquisar para esse mesmo projecto, decidi ver. E foi uma das minhas melhores decisões em termos cinematográficos!

Para lém da interpretação, todo o conjunto do filme mostra esta tal realidade que não julgamos possível, fazendo do filme um quase documentário, mas que não chega a ser tão descritivo.
Conseguimos perceber a maneira como os alemães lidam com o fascismo, e aprendemos uma valiosa lição: não podemos tomar o futuro como garantido.
A maneira como o professor manipula os alunos sem se aperceber, e todo o modo como cada um dos alunos reage e se alia ao movimento, sem sequer notar na dimensão de cada acto e palavra.
Foi exactamente assim, numa altura em que os jovens nada tinham em que acreditar e viram uma nova luz nas palavras de homens em cima de palanques, que os fizeram acreditar num novo futuro, que os uniram como nunca tiveram unidos, que levou a conflitos que, atá à data, ainda não tiveram igual.

Vendo este filme, ainda vemos uma triste realidade: hoje, não sabemos em que acreditar. Estamos dispersos entre os nossos pares e não fazemos ideia para onde nos virar. É triste.

Filmes e História

Começo aqui como que uma pequena rubrica dentro deste meu humilde blog, não apenas uma maneira de preencher as possíveis lacunas temporais das minhas entradas, mas também para mostrar como os filmes conseguem mostrar, por vezes de maneiras tão belas, a História e tudo o que a engloba.
Portanto, aqui mostro algumas reviews de filmes que vi recentemente e que se encontram relacionados com a matéria que temos vindo a desenvolver. Claro, com reflexões à mistura, como não podia deixar de ser.

Começo aqui com um dos meus grandes filmes preferidos:


De: Roberto Benigni
Argumento: Roberto Benigni e Vincenzo Cerami

Guido (Roberto Benigni), italiano optimista e com grande maginação, conquista a mulher que ama, Dora (Nicoletta Braschi), e com ela forma uma família, com uma vida com tudo para ser maravilhosa.
No entanto, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, essa vida muda, e Guido tenta afastar aqueles que ama da verdade dolorosa que se abate sobre eles.

No início, tem tudo para ser uma comédia com uma belíssima história de amor, mas La Vita è Bella é mais do que isso.
As peripécias por que Guido passa, até à forma como tenta afastar a sua família da realidade da guerra, chegam a ser cómicas, mas é um homem cheio de coragem e de amor.
É também um drama, como são todos os filmes em cenário de guerra, mas La Vita è Bella não é um filme de guerra usual, não querendo retratar a guerra - apenas mostra como alguém se pode sacrificar para salvar quem ama.

A palavra que penso que melhor pode descrever esta película é belo. É, sem dúvida, um filme belíssimo, e não precisamos de entrar em grandes detalhes técnicos para perceber isso, apesar de não podermos negar o encanto particular que Benigni dá, muito principalmente ao interpretar Guido.
O verdadeiro encanto desta obra-prima reside aí, na história, nas personagens (o optimismo de Guido é contagiante), na dimensão dada por Benigni e tantos outros. O ser em italiano ajuda.

Não considero, como disse acima, que este filme seja um filme sobre a guerra; penso que o conceito da história ultrapassa o cenário do conflito. À procura de um filme que pudesse retratar a realidade da época, não penso que este seja o indicado.
No entanto, as circunstâncias que puseram Guido e sua família à prova e a maneira como passou a viver, tudo aquilo que teve de fazer para os proteger, mostra o processo pelo qual passavam tantos.
Assim, não deixa de nos mostrar como tudo se passou, e a revoltar um pouco mais.

Mas a verdadeira beleza, essa, nada tem a ver com a guerra.
Isso é outra história...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1640 e 1974

Atentar na data em que este texto é escrito: 1 de Dezembro. Só não é de 1640.
A data, marco histórico por marcar a independência portuguesa face aos espanhóis, e esse acontecimento, não vem a propósito de qualquer matéria que está a ser leccionada. No entanto, mostra uma faceta deste povo lusitano - dando um ar do meu patriotismo - que em breve (daqui a uns bons mesinhos, creio eu) vai ser abordada. Uma pequena introdução, digamos.

Pois vejamos: ao longo de três gerações de Filipes (literalmente) mantivemos a cabeça baixa, porque não tinhamos outra escolha. Veio então alguém que decidiu mudar a situação, um grupo de revolucionários, que faz cair o governo e põe no poder quem devia estar desde o início.
Claro está que nos "aguentámos à bronca", dito no bom português. Mas houve alguma coisa que nos fez ver que algo não estava bem, e ninguém melhor do que nós próprios para o verificar e para mudar a realidade vivida.

Sensivelmente três séculos depois, encontramo-nos novamente (nós, como povo) numa situação em que temos de manter a cabeça baixa se queremos continuar com a nossa rotina, sem qualquer problemas - uma estado repressivo, sem qualquer liberdade de qualquer tipo.
As circunstâncias eram diferentes, claro, mas, como tudo um pouco nestes meus devaneios históricos, tocam-se de alguma maneira.
Vejamos: apesar de nos termos, novamente, "aguentado à bronca" durante a ditadura, houve um grupo que viu que algo não estava bem e fez uma revolução que nos permitiu viver como hoje vivemos.

Especulando agora um pouco, vamos imaginar que ninguém tinha feito os espanhóis irem embora em 1640 e D. João IV nunca tinha chegado poder. Hoje, muito provavelmente, se nada tivesse sido feito para mudar a situação (algo que me custa acreditar; por algum motivo o nosso hino diz «contra os canhões, marchar, marchar»), o desejo de José Saramago de que Portugal devia ser uma província de Espanha não tinha muito razão de ser, pois essa seria a realidade.
Assim, Salazar não teria chegado ao poder. Ou talvez até tivesse, numa de Lenine/Trotsky, versão fascista e Franco/Salazar.

São estes pequenos pedaços de História que depois mudam todo o destino.

Mas talvez o destino dos Portugueses, o Fado, seja exactamente esse: vivemos oprimidos, numa realidade que não desejamos, até que alguém decida que a hora de mudar chegou e a revolução é feita.
É o que tem acontecido sempre; marchamos sempre contra os canhões.

sábado, 14 de novembro de 2009

Fascismos e fascínios

Confesso-me particularmente interessada na matéria que agora estamos a dar. A verdade é que desde que li O Diário de Anne Frank, já lá vão uns anitos, que tenho um certo… digamos… interesse especial em tudo o que está relacionado com a Segunda Guerra Mundial.
E aqui nasce um pequeno paradoxo: apesar do Fascismo e Nazismo irem contra todos os meus valores e ideais, não posso deixar de encontrar uma grande inteligência naqueles que, com meras palavras, levaram Nações inteiras a acreditar em si, basta pensar em toda a propaganda! Chega até a ser irónico como os partidos fascistas, totalitários e negando qualquer tipo de liberdade de expressão e de escolha, foram eleitos exactamente porque puderam expor as suas ideias e as pessoas puderam escolher em quem votar – votar!

A figura de Adolf Hitler é aquela que mais me impressiona, e pela qual tenho um fascínio especial. Apenas porque não sei como é possível existir alguém que contenha em si, não só tantos antagonismos, como também uma mentalidade tão negra que o levou a todas as acções de que hoje falamos, para não falar daquela tal inteligência que referi no início.
É que era completamente antagónico: apesar de não ser alemão de nascimento, acreditava que o povo alemão era superior, tal como a raça Ariana (à qual não pertencia); tinha fotofobia, e no entanto passava a sua vida a tirar fotografias; era protector da fauna e da flora (cuja morte achava absolutamente desnecessária), mas consentiu com a morte de milhões de pessoas… Pergunto-me sinceramente se não seria preferível ter aceite a sua candidatura na Escola de Belas Artes, mesmo tendo apenas habilidade para desenhar edifícios e paisagens (muito bem desenhadas, devo acrescentar – mais uma vez, antagonismo: é preciso uma certa sensibilidade para o fazer).

E entretanto dispersei-me da minha linha condutora. Retomando…

Não imagino a minha vivência num regime fascista, e começo a ter calafrios de cada vez que penso nisso. Para além de todas as restrições feitas, basta uma para não me tentar posicionar neste tempo: não poder expressar-me. Ai de mim de não pudesse dizer o que aqui digo apenas porque era contra o regime (na certa, estava já, ou encarcerada, ou morta e enterrada)! E ainda por cima pensarem que eu não sirvo para nada mais do que ficar em casa a cozinhar, limpar a casa, obedecer ao marido e ter filhos até não poder mais! Como posso eu imaginar-me num regime fascista, com estas condições?! É, realmente, um pouco difícil.

Entretanto, encontrei uma imagem bastante assustadora:


Na legenda, dizia «Mussolini is watching you».
Esta imagem é terrivelmente assustadora! A ideia de ter todos os passos monotirizados faz quase pensar em como o livre-arbítrio era inexistente nestes regimes.
Não apenas a liberdade, mas todo o livre-arbítrio!

Crises e repetições

Já aqui comparei duas realidades distintas, mas tão semelhantes: o Portugal da 1ª República, e o Portugal actual. Podia, mais uma vez, fazer uma comparação do género entre a crise de 1929-1930 e a que hoje vivemos.
No entanto, não penso que seja necessária uma comparação entre ambas as situações para verificar que temos de ter noção de que o sistema capitalista não é perfeito, e um dia vai entrar novamente em colapso (esperem, já entrou!). Basta apenas analisar as duas denominadas crises, sem comparar. Pura análise.
Mas é giro comparar, e é giro porque podemos concluir que, apesar de toda a gente apregoar que “aprendemos com os nossos erros”, continuamos a cometer esses mesmos erros vezes e vezes sem conta, e, citando António Variações, «o corpo é que paga». O corpo, a carteira, a mente…

A crise de 1929 foi um duro golpe num sistema considerado infalível! E não falo apenas no capitalismo: a própria democracia foi posta em causa! E o que aconteceu depois? Tudo se juntou e votou em partidos de extrema-direita, esperando menos miséria e melhores condiçõs de vida.
Não quero voltar a tocar na mesma tecla (literalmente), mas vamos pensar: ora, se uma grave crise económica que despoletou nos Estados Unidos da América e afectou todo o Mundo levou ao crescimento dos partidos de extrema-direita e à sua consequente vitória… O que nos vai acontecer a nós? Huuum…

Não deixa de ser interessante pensar em como uma crise que acontece num país cria tantas dificuldades nos países de todo o mundo. As consequências no próprio país são devastadoras, e bastante impressionantes. As figuras analisadas na aula são bastante chocantes, e deixam um medo incontrolável no futuro, quando especialistas afirmam que a crise actual ainda vai superar a de 29-30! Se há 80 anos foi o que foi, não quero, mesmo, pensar do que pode vir aí…


Que imagem mais irónica...

E uma outraque achei engraçada:

Realmente, hoje estamos pior. Pelo menos alguns...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Modernismos passados

Enquanto que as vanguardas começaram a ser desenvolvidas a partir da primeira década do século XX na Europa, em Portugal, esse modernismo, esses novos movimentos, chegaram quase 10 anos depois. Conclusão: evoluímos – de um século de distância em relação aos novos movimentos culturais (como aconteceu no Renascimento), passámos para uma década. É obra! Sem nunca, no entanto, esquecer os movimentos artísticos do século passado, que permaneceram ainda uns tempos no panorama artístico português. Mas não podemos pedir tudo de uma vez!
As duas fases do modernismo português foram, no entanto, preciosas; é bom ver uma geração a pensar por si e a mostrar os seus ideais, ainda por cima porque foi um movimento juvenil. Porém, não entremos por aí.

Temos, nesta época de 1911 até aos anos 30 (englobando ambas as fases), testemunhos de um Portugal diferente, preciosos testemunhos. Basta pensar em toda a obra de Fernando Pessoa (uma figura importante do panorama modernista, com uma obra que ainda hoje nos assombra), que, tal como aconteceu com Camões, não lhe foi dado o devido crédito, a não ser muito mais tarde na sua “carreira” artística.
Esta desvalorização apenas mostra como a maior parte da população continuava sem qualquer sentido de cultura, tal como o próprio Camões afirmava em Os Lusíadas.

Mas não nos deixemos abater por isso. Continuamos com óptimos exemplos de boa arte portuguesa, que elevaram o nosso país a um nível europeu.
Apenas deixo duas obras de dois diferentes artistas de que gostei particularmente, bem portugueses.

Menina dos Cravos, 1913, Amadeo de Souza Cardoso

Domingo Lisboeta, 1946-48, Almada Negreiros

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Portugal. Apenas isso

(Em véspera de teste, este post vai servir para verificar se realmente sei a matéria para o teste de amanhã em relação ao Portugal do pós-guerra. No entanto, como se espera, não será o único tópico focado)

Portugal, 1926. A crise económica, já de si grave, agravou-se com a entrada de Portugal na guerra, e com toda uma conjuntura internacional: a produção era baixa, tanto industrial como agrícola, não chegando para toda a população, e as importações também não eram suficientes, pois os restantes países europeus ainda recuperavam da guerra igualmente. Como resultado, a inflação subiu, a moeda desvalorizou (quando começou a circular uma quantidade desproporcional à pouca produção registada) e o custo de vida aumentou. Surgiu desemprego, graves dificuldades económicas para aqueles com rendimentos fixos (já que os salários também não aumentaram) e menos possibilidades económicas, greves, manifestações, desordem social.
O governo, por seu lado, começa a ficar saturado, sem conseguir melhorar a situação. Era, ainda para mais, um governo corrupto, com aspirações pessoais acima das preocupações nacionais, e sem controlo na população. A oposição é forte.

- Golpe de Estado de 28 de Maio de 1926

Portugal, 2009. Não houve qualquer guerra, mas a crise económica, tal peste, espalhou-se pelo globo. O cinto, já de si apertado, teve de levar mais um furinho para conseguir ser abetoado. O problema hoje é outro, mas, cronologicamente, não se mantem muito longe do acima descrito: os produtos não são consumidos porque não há poder de compra, levando a uma acumulação de stocks, consequentemente a falências, consequentemente ao desemprego, que por sua vez acentua ainda mais a deflação - os preços hoje descem, não sobem. O custo de vida, no entanto, mantem-se em baixo - não há como consumir os produtos. Resultado: greves, manifestações, desordem social.
E o governo? O governo, esse, não se pode dizer que seja o mesmo, mas não foge muito à realidade dos anos 20: por muito que tente investir e aplicar as mais variadas medidas, a crise continua, o desemprego continua, o custo de vida continua a não permitir o consumo e a produção (que, mesmo com melhorias, continua defecitária); continua um governo com membros corruptos, que deixam a Nação atrás da ascenção ao poder. O despique entre oposição e partido no poder é uma constante.


Ora, em 1926, houve um golpe de estado que levou a uma ditadura militar, que foi seguida pelo Estado Novo, que deixou a população de tal forma descontente que levou ao 25 de Abril.
A única conclusão a que podemos chegar é que vivemos num constante circulo vicioso (e desculpam os mais liberais e idealistas por dizê-lo): há de chegar uma altura em que, tal como a Dra. (é doutora, não é?) Manuela Ferreira Leite disse um dia, vamos «suspender a democracia» por uns tempos. Tudo porque, apesar de termos eleito o mesmo governo por mais 4 anos, esse mesmo governo vai ficar saturado, e vamos precisar de uma mão mais firme para levar este país à beira mar plantado para a frente. Se não for este, será outro, mesmo que a democracia ainda dure uns belos governos.
Mas é só por uns tempos. Descansem, que o desejo de poder facilmente vai levar a melhor, e vai levar a melhor de tal maneira que teremos um 25 de Abril II. O circulo continua.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Vanguardismos e artes

Apenas dois manifestos, manifestados por mim porque me tocaram especialmente:
Franz Marc, Grandes Cavalos Azuis, 1911

É quase como que poético. É harmonia. É algo.


Salvador Dali, Sonho Causado Pelo Voo de Uma Abelha em Torno de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar, 1944 (pegando no exemplo visto na aula)

E é nesta parte que me permito discordar da a opinião do professor.
Porque aqui nada há mais do que o puro sonho: o sonho com os vários mundos, novos mundos inexistentes aparentemente. Para além disso, é um caminho, um caminho percorrido até chegar a algo de novo e inesperado.
Considero a pintura de Dali realmente impressionante, não só pela nitidez concedida ao sonho, ao real irreal, mas por toda uma viagem a um mundo completamente novo.
Na minha humilde opinião, trata-se exactamente disso: uma viagem por mundos idealizados, a uma mente puramente fantasiosa, que podia ser a de qualquer um.
A minha é um pouco assim. Sou o tipo de pessoa que pensa ser possível um tigre estar dentro de outro tigre, que está dentro de um peixe, que está dentro de uma romã; ou relógios que derretem; ou uma panafernália de animais transportadores de edifícios que conseguem chegar às núvens.
Mas isso sou só eu.

Algo novo

A guerra, no meio de toda aquela desgraça e tristeza, chega a ter alguns (ínfimos) aspectos positivos: num ambiente de incertezas e novas perspectivas, as mentalidades e comportamentos decidem seguir por caminhos diferentes.
Como mulher que sou, não me queixo.

A guerra, a bem ou a mal, abriu novas portas. A partir daquele momento em que nos permitiram trabalhar como iguais, algo mudou; toda uma luta passou a fazer sentido, pelo menos aos nossos olhos.
É interessante como tudo se processa: algumas mulheres começam a achar que algo está errado; essas mulheres começam a mostrar que algo está errado; essas mulheres e outras que se lhes juntaram começam a manifestar-se porque algo está errado; manifestos são lidos a favor dos direitos femininos; os manifestos e lutas não são aceites; chega a guerra e quase que pedem às mulheres o que antes lhes negavam: que façam o mesmo trabalho do que os homens, mas claro que iguais, iguais, nunca são (duh!).
Ao longo do tempo lá fomos lutando, as mentalidaes lá foram mudando, até chegarmos onde estamos hoje. E mesmo que pareça que nada há mais a fazer, a escada a subir ainda é longa.
Um século é muito tempo e faz muita coisa, mas não basta.



Mas quem fala na mulher fala em praticamente tudo. Foi uma mudança quase que radical, que, historicamente falado, foi quase de um momento para o outro!
No entanto, estes novos comportamentos e valores, apesar de muito positivos por um lado, deixam muito a desejar por outro: esta massificação que tem vindo a crescer ao longo do tempo e parece não ter fim é puro obstáculo a uma identidade cultural; ao fim de décadas de massificação e do crescimento de um sistema capitalista que apenas contribuí para o seu aumento, já quase que não me consigo identificar com qualquer cultura, a não ser uma identidade que é praticamente global. Os traços que me marcam como Portuguesa vão desaparecendo ao longo do tempo, enquanto importo cada vez mais hábitos e comportamentos que de mim não são naturais, e filmes, e música, e literatura...
Sempre aliado ao crescimento económico dos Estados Unidos, esta massificação patente no pós-guerra e intensificada ao longo do século é menos benéfica do que o pensado - transformámo-nos em clones. Clones puros e duros, que se vestem da mesma maneira, ouvem a mesma música, comem nos mesmos sítios a mesma comida, que se divertem da mesma maneira, hoje mais do que nunca.

No entanto, nada como uma revolução de valores para mudar qualquer percepção conservadora de algo tão aparentemente permanente, como o casamento.
Foi bom, e tão mau ao mesmo tempo. Mas era inevitável: num mundo capitalista, do domínio do país ao domínio do mundo vai um passo pequeno; apenas bastou que as bases morais se desmoronassem para entrar e mostrar um novo mundo.
Um belo mundo, ou o caminho para um outro pesadelo?

Há sempre o outro lado da moeda.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um bem haja às novas culturas!

Um bem haja aos novos movimentos culturais dos anos vinte! Sem eles, quem nos diz que teríamos,  mais tarde, isto:


Ou isto :


Ou mesmo isto:


Espalhar o jazz foi uma benção!

domingo, 4 de outubro de 2009

Reescrevendo os livros

A História está repleta de utopias, ou, pelo menos, de belas ideias talvez demasiado vanguardistas ou revolucionárias para a mentalidade humana, que acabaram por não dar em nada.
E não precisamos de ir muito longe para o comprovar; assim de repente, vêm-me à memória pelo menos duas ocasiões em que o mundo podia ter sido um lugar melhor se tudo tivesse corrido como previsto, sem aquele maldito egoísmo a intrometer-se no caminho.

Será que se a Sociedade das Nações não tivesse sido um fracasso, e alguns países mais conscientes, a II Guerra Mundial ainda teria lugar nos livros de História? Será que teriam morrido aquelas 55 milhões de pessoas (se não me falha a memória)?
E se Lenine tivesse conseguido, através do comunismo de guerra, criar efectivamente uma sociedade sem classes, livre do capitalismo económico? Viveríamos ainda num mundo em que co-habitam no mesmo país - mesma cidade, até - casos de pobreza extrema e de riqueza descomunal?

Tanto o Presidente Wilson como Lenine tinham ideias que, bem aplicadas, teriam transformado o modo como toda a História decorreu. Não que tudo aquilo em que acreditavam e faziam fosse o mais correcto, mas era, sem dúvida, talvez um pouco melhor do que o que lhes sucedeu.

A Sociedade das Nações e os princípios de Wilson, apesar de terem falhado uma vez, tiveram uma segunda oportunidade (apesar das tristes circunstâncias) - a Organização das Nações Unidas ainda hoje funciona e actua, como devia ter acontecido no início.
Quanto a Lenine, nunca saberemos se teria conseguido criar a sociedade que idealizara, e, para si, nunca houve uma segunda oportunidade. Porque, apesar dos ideais marxistas-leninistas terem sido espalhados pelo mundo, nunca foram totalmente implementados, porque, como o egoísmo, também a ambição faz parte do ser humano.
No entanto, eu teria vivido muito bem sem a existência de mortes em massa (seja qual for a nacionalidade do assassino) e sem uma miríade de casos que todos os dias se ouvem.

Mas eu serei sempre uma utópica eterna. E quem me diz que tudo teria sido diferente?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Objectivos estabelecidos

Pois bem, as crónicas por aqui têm uma diferente direcção; Se Chronicles é apenas um sítio onde despejo o que quero despejar, Crónicas terá um gosto diferente: Crónicas foi criado para a disciplina de História, onde o meu estudo sobre o século XX vai aqui ser reflectido, especificamente.
E, permita-me o professor, talvez me disperse por mais do que meras reflexões do que foi aquele século XX.
Como não gosto de traçar grandes rumos, e tendo em vista o objectivo pretendido, coloco aqui esta minha primeira mensagem.
Veremos o que se segue.