quinta-feira, 22 de abril de 2010

Arte popular

Deixando de lado as politiquísses e os devaneios de uma juventude em revolta, hoje dedico-me à Arte. Com letra maiúscula, que engloba toda uma vertente cultural, pois cheguei à conclusão que este sítio tem-se baseado nisso: em política, economia e críticas à política e à economia, mesmo quando coloco aqui alguns filmes. Então retrocedo um pouco no tempo...

Ora, acontece que o século XX está repleto de correntes culturais e artísticas que estão comigo em grande parte dos dias, principalmente dos anos 40 para cima.

Na segunda metade do século XX, nasceram para o mundo lendas como Elvis Presley, Marlon Brando, James Dean, John Lennon, Audrey Hepburn e toda uma miríade de artistas que ainda hoje fazem a delícia de tantos.
Eu confesso que se há coisa de que goste é de ligar o meus leitor de mp3 e ouvir isto:

(o movimento que lhe valeu o epiteto de Elvis, The Pelvis, a revolução no Rock 'n' Roll como estilo de música dominante)

ou isto:


Na verdade, os Beatles revolucionaram muito mais do que Elvis, levaram a música a um patamar totalmente novo e, juntamente com o Rei do Rock foram o resultado de toda uma nova mentalidade que queria libertar-se das convenções tradicionais e queria mostrar como começava a Viver.

Juntamente com músicos revolucionários, nasce um cinema que leva toda uma população a apreciar a (agora) 7ª arte, que cria movimentos e ídolos. Filmes como estes





































moldaram os jovens que, já por si, eram rebeldes e agora tinham modelos a seguir, criaram a moda dos jovens que se rebeliam e libertam a frustração.



E ninguém se pode esquecer disto:


Quem fala neste, fala em qualquer filme de Hitchcock, que fez do cinema mais do que histórias de amor ou de jovens que andam de carro com calças de cabedal.

Houve uma revolução também no cinema, com novas perspectivas e sempre tendo em atenção que toda a população parecia mudada.

E agora, a razão para ter neste sítio uma imagem de Roy Lichtenstein e Andy Warhol: tornei-me uma apreciadora do trabalho destes dois senhores. Aliás, apreciadora da Por Art em geral.
Porque vejo a Pop Art como uma crítica a toda a uma sociedade que se vê em mudança.
No caso de Warhol, a utilização de objectos tão triviais como uma lata de sopa e torna-la um objecto artísticos vai além do Dadaísmo e da intenção de criticar a convenção artística; é tornar algo tão comum e totalmente sem valor, algo comercializado em massa, num objecto único, como não há igual. Não se trata apenas de pegar numa garrafa de Coca-Cola e coloca-la ali, mas torna-la única, porque nunca mais será.
No que toca a Lichtenstein, apenas sou atraída por aqueles pedaços de histórias que posso imaginar como quero.


Quem me diz a mim que esta rapariga, que prefere afogar-se a pedir ajuda ao Brad, não se sentiu desamparada pelo único membro da sua família que decidiu abandona-la quando mais precisava?
Demasiado dramático? Talvez, mas nunca saberemos se é assim ou não.


São pequenos pedaços de artes que minaram os primeiros tempos da segunda metade do século.
Cedo deram lugar a outros que rapidamente se perderam no tempo também, mas a isso lá chegaremos...

domingo, 18 de abril de 2010

36 anos de lamúrias e quietude

Tenho um certo orgulho na História de Portugal, em vários aspectos. Na sua maioria, apenas porque parecem demonstrar a força de um povo que, mesmo oprimido, marcha contra os canhões por aquilo em que acredita. Confesso que tenho um carinho especial pelo 25 de Abril.
Quando falo em orgulho, não me interpretem mal: falo nesta admiração por aqueles que lutaram pelo mundo no qual vivo hoje. Aliás, nem tanto por este mundo, mas por um melhor que acabou por se virar e ficar na... coisa que está hoje.

Na verdade, o 25 de Abril foi exactamente um momento da história deste país repleto de ideais, boas intenções e caos. Acabou por ser um pouco a nossa própria Revolução Cubana, sem a guerrilha e os ideais socialistas tão afincadamente defendidos e postos em prática.



Marcello Caetano tinha acabado de tentar democratizar o país, à sua maneira; continuou a ser uma ditadura, escondida sobre as belas flores que íam florescendo na Primavera Marcelista... ou que Caetano queria que florescessem. No entanto, ninguém lhe pode negar o esforço de ter tentado.
O que escapou a Marcello Caetano, e aquilo que penso que não estaria à espera, é que uma nova mentalidade vinha crescendo. Já ninguém queria aguentar a guerra, as saudades dos familiares em África ou fugidos por uma Europa fora, uma escolaridade que tentava mostrar um Portugal que não existia. Os estudantes revoltavam-se por essa nova mentalidade e queriam mudança.



Toda esta mentalidade e revolta acabou por ir de encontro à revolta dos próprios militares que viram a guerra a facilitar demasiado aqueles que não eram militares, em seu deterioramento. A guerra não acabava e, com ela, continuava o sistema que a tinha começado e prolongado.
O resto é história: ouviu-se Paulo de Carvalho, ouviu-se Zeca Afonso, todos foram para a rua e no Largo do Carmo as tropas de Salgueiro Maia deram por finalizado o Estado Novo.

Penso que toda a revolta começou a crescer ainda antes do início da guerra, com a morte de Humberto Delgado: a sua única fonte de esperança, sem medo de dizer o que lhe ía na alma, acabou no mesmo destino que todos os outros que por instantes decidiram fazer frente a todo um movimento.
E teve culminar exactamente naquele dia de Abril, em que cravos vermelhos passearam por Lisboa em sinal daquela Liberdade desejada, e esta Liberdade vai além da mera Liberdade de expressão; é toda uma Liberdade de pensamento, de comportamento, de vida.

Seja que revolução for, das mais revolucionárias (passo a redundância) às menos sentidas globalmente, não costumo dar atenção ao porquê do seu início, às verdadeiras razões daqueles que as despoletaram e não aquelas que são publicamente expressas. Neste caso passasse o mesmo: os militares até podiam estar unica e exclusivamente preocupados com as suas carreiras e vidas, mas acabaram por mudar a situação de todo uma país, o qual agradeço do fundo do meu coração.
Do que tenho pena, e uma pena profunda, é de não ter existido uma maior gestão e organização depois de todo o movimento de Abril.
Foi o total caos! Tudo o que ficou por dizer durante cerca de 50 anos foi dito, foi feito, foi mostrado! Nem o Governo Provisório se aguentou muito tempo, tal era o caos, e o próprio MFA teve de tomar as redeas por uns tempos. O problema é que ninguém sabia para onde se virar, tantas eram as opções.

Foi altura de reviravolta. Tenho pena que o rumo tomado tenha chegado e este impasse, a esta política imunda e não dá esperança a ninguém. Aliás, a gestão é tão má que mesmo em recessão nos damos ao luxo de dar milhões a um país em falência!

Um dos maiores lugares-comuns portugueses que se ouve é que o 25 de Abril ainda não acabou.
Honestamente, acabou. Acabou ali, à meia-noite, quando começou o dia 26. O 25 de Abril foi efémero, foi a Revolução, foram os cravos nas espingardas e o povo na rua.
Porque o 25 de Abril é sinónimo de mudança, de luta por ideais, de uma vontade expressa em mudar a realidade presente. Onde encontramos isso agora? Quando supostamente nada nos impede, ao contrário do que acontecia no Estado Novo, não nos levantamos e dizemos que queremos demitir quem não nos deixa viver dignamente! Temos a liberdade necessária e estamos tão acostumados a ela que mesmo criticando não lutamos por nenhuns ideais, não nos juntamos para mudar uma realidade conjunta!
Há 36 foram os militares que deram o primeiro passo, e hoje ninguém o dá; escondem-se atrás de greves que não têm resultado e ameaças que não são levadas a cabo.
Ninguém vê que o 25 de Abril acabou? Temos a liberdade à nossa frente e nada fazemos com ela.

O 25 de Abril está morto e enterrado nos livros de História e corações que o viveram, relembrado apenas uma vez por ano.
Não pode estar vivo...



Mesmo continuando a apregoar as palavras, já nem se unem por aquilo que realmente interessa.



O momento fatídico.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Portugal dos... fascistasitos

Em tempo de férias dá-me para isto, porque gosto de fazer deste sítio um prazer, e não uma imposição. Como tal, qualquer altura considero propícia.

Para ajudar a calcar uma realidade que já tenho por aqui discutido, menciono hoje uma obra do tempo do Estado Novo que ainda não me tinha apercebido de quão relacionada está com todo este período: o Portugal dos Pequenitos.

Admito que sempre tive um apreço por este espaço. Quando lá fui pela primeira vez não falei de outra coisa durante semanas e recordo com uma certa nostalgia o poder passear por aquelas casinhas, entrando e saindo, espreitando pelas janelas e subindo pelas colinas. Não que tenha crescido muito, mas hoje já me é um pouco difícil passear por essas mesmas casas sem me curvar toda!
Foi com essa mesma nostalgia que me encaminhei com a família para Coimbra, nesta minha expectativa de reencontrar este lugar, e de ver nos olhos do meu sobrinho o porquê de gostar tanto daquilo. E, claro está, a oportunidade de me sentir maior do que aquilo que realmente sou.
No entanto, os olhos com que eu vi tudo aquilo são deveras diferentes, e consegui ver mais do que a bela brincadeira com que as crianças que por ali brincavam nos brindaram.

A exaltação do Mundo Português! Hoje, com toda a informação que tenho, vejo por todas as placas, por todas as casas do primeiro espaço, esta exaltação por um mundo descoberto por portugueses e para portugueses, o maravilhoso contributo que demos a todo o mundo civilizado por termos feito tal descoberta. Parecemos autênticos heróis, bravos marinheiros, magnífico povo! Tudo naquele espaço remete para este grandioso império, um Portugal vasto e totalmente unificado!
Ora, que bela demonstração que somos um só povo, único e meramente distanciado pelo oceano.

Entramos então para um outro espaço, O espaço. Primeiramente, pensava apenas num conjunto de casas pequenas onde podíamos brincar, e agora começava a reparar nas várias tabuletas que apareciam nas pequenas portas, e que me informavam que eram pedaços do Mosteiro da Batalha, ou que estava perante uma típica casa do Minho ou de Évora.


Tudo naquele lugar quer dar uma outra imagem de Portugal; quer mostrar Portugal como um país Grande, de Valor, repleto de maravilhas e de coisas que o tornam tão único entre todos os outros países. Tudo ali tenta mostrar as maravilhas deste pequeno lugar, numa pequena escala.
Há até uma estátua de Afonso Henriques com todas as datas das conquistas das várias cidades, com um apelo às crianças para notarem na sua grandiosidade.

Em nada disto tinha eu reparado na minha primeira visita, e julgo que nenhuma criança repara nisto quando lá vai pela primeira, segunda ou mesmo terceira vez. Apesar de ser chamado de Portugal dos Pequenitos, e mensagem parece ser mais para os pais do que para os filhos. Esses querem é brincar - pelo menos assim é hoje. Na altura, não sei como era.

Ao sair, passando novamente por todos os monumentos às descobertas portuguesas, pergunto ao meu pai:
- Isto foi construído no Estado Novo, não foi?
- Talvez... Já deve ter uns quarenta anos.
- Sim, isto parece obra do senhor António...

Quando chego a casa, tal é o meu espanto quando procuro na Internet e vejo que este querido lugar abriu portas em 8 de Junho de 1940. Curiosamente, no mesmo ano que teve lugar a Exposição do Mundo Português...