terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1640 e 1974

Atentar na data em que este texto é escrito: 1 de Dezembro. Só não é de 1640.
A data, marco histórico por marcar a independência portuguesa face aos espanhóis, e esse acontecimento, não vem a propósito de qualquer matéria que está a ser leccionada. No entanto, mostra uma faceta deste povo lusitano - dando um ar do meu patriotismo - que em breve (daqui a uns bons mesinhos, creio eu) vai ser abordada. Uma pequena introdução, digamos.

Pois vejamos: ao longo de três gerações de Filipes (literalmente) mantivemos a cabeça baixa, porque não tinhamos outra escolha. Veio então alguém que decidiu mudar a situação, um grupo de revolucionários, que faz cair o governo e põe no poder quem devia estar desde o início.
Claro está que nos "aguentámos à bronca", dito no bom português. Mas houve alguma coisa que nos fez ver que algo não estava bem, e ninguém melhor do que nós próprios para o verificar e para mudar a realidade vivida.

Sensivelmente três séculos depois, encontramo-nos novamente (nós, como povo) numa situação em que temos de manter a cabeça baixa se queremos continuar com a nossa rotina, sem qualquer problemas - uma estado repressivo, sem qualquer liberdade de qualquer tipo.
As circunstâncias eram diferentes, claro, mas, como tudo um pouco nestes meus devaneios históricos, tocam-se de alguma maneira.
Vejamos: apesar de nos termos, novamente, "aguentado à bronca" durante a ditadura, houve um grupo que viu que algo não estava bem e fez uma revolução que nos permitiu viver como hoje vivemos.

Especulando agora um pouco, vamos imaginar que ninguém tinha feito os espanhóis irem embora em 1640 e D. João IV nunca tinha chegado poder. Hoje, muito provavelmente, se nada tivesse sido feito para mudar a situação (algo que me custa acreditar; por algum motivo o nosso hino diz «contra os canhões, marchar, marchar»), o desejo de José Saramago de que Portugal devia ser uma província de Espanha não tinha muito razão de ser, pois essa seria a realidade.
Assim, Salazar não teria chegado ao poder. Ou talvez até tivesse, numa de Lenine/Trotsky, versão fascista e Franco/Salazar.

São estes pequenos pedaços de História que depois mudam todo o destino.

Mas talvez o destino dos Portugueses, o Fado, seja exactamente esse: vivemos oprimidos, numa realidade que não desejamos, até que alguém decida que a hora de mudar chegou e a revolução é feita.
É o que tem acontecido sempre; marchamos sempre contra os canhões.

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Crónicas à minha História