terça-feira, 20 de outubro de 2009

Vanguardismos e artes

Apenas dois manifestos, manifestados por mim porque me tocaram especialmente:
Franz Marc, Grandes Cavalos Azuis, 1911

É quase como que poético. É harmonia. É algo.


Salvador Dali, Sonho Causado Pelo Voo de Uma Abelha em Torno de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar, 1944 (pegando no exemplo visto na aula)

E é nesta parte que me permito discordar da a opinião do professor.
Porque aqui nada há mais do que o puro sonho: o sonho com os vários mundos, novos mundos inexistentes aparentemente. Para além disso, é um caminho, um caminho percorrido até chegar a algo de novo e inesperado.
Considero a pintura de Dali realmente impressionante, não só pela nitidez concedida ao sonho, ao real irreal, mas por toda uma viagem a um mundo completamente novo.
Na minha humilde opinião, trata-se exactamente disso: uma viagem por mundos idealizados, a uma mente puramente fantasiosa, que podia ser a de qualquer um.
A minha é um pouco assim. Sou o tipo de pessoa que pensa ser possível um tigre estar dentro de outro tigre, que está dentro de um peixe, que está dentro de uma romã; ou relógios que derretem; ou uma panafernália de animais transportadores de edifícios que conseguem chegar às núvens.
Mas isso sou só eu.

Algo novo

A guerra, no meio de toda aquela desgraça e tristeza, chega a ter alguns (ínfimos) aspectos positivos: num ambiente de incertezas e novas perspectivas, as mentalidades e comportamentos decidem seguir por caminhos diferentes.
Como mulher que sou, não me queixo.

A guerra, a bem ou a mal, abriu novas portas. A partir daquele momento em que nos permitiram trabalhar como iguais, algo mudou; toda uma luta passou a fazer sentido, pelo menos aos nossos olhos.
É interessante como tudo se processa: algumas mulheres começam a achar que algo está errado; essas mulheres começam a mostrar que algo está errado; essas mulheres e outras que se lhes juntaram começam a manifestar-se porque algo está errado; manifestos são lidos a favor dos direitos femininos; os manifestos e lutas não são aceites; chega a guerra e quase que pedem às mulheres o que antes lhes negavam: que façam o mesmo trabalho do que os homens, mas claro que iguais, iguais, nunca são (duh!).
Ao longo do tempo lá fomos lutando, as mentalidaes lá foram mudando, até chegarmos onde estamos hoje. E mesmo que pareça que nada há mais a fazer, a escada a subir ainda é longa.
Um século é muito tempo e faz muita coisa, mas não basta.



Mas quem fala na mulher fala em praticamente tudo. Foi uma mudança quase que radical, que, historicamente falado, foi quase de um momento para o outro!
No entanto, estes novos comportamentos e valores, apesar de muito positivos por um lado, deixam muito a desejar por outro: esta massificação que tem vindo a crescer ao longo do tempo e parece não ter fim é puro obstáculo a uma identidade cultural; ao fim de décadas de massificação e do crescimento de um sistema capitalista que apenas contribuí para o seu aumento, já quase que não me consigo identificar com qualquer cultura, a não ser uma identidade que é praticamente global. Os traços que me marcam como Portuguesa vão desaparecendo ao longo do tempo, enquanto importo cada vez mais hábitos e comportamentos que de mim não são naturais, e filmes, e música, e literatura...
Sempre aliado ao crescimento económico dos Estados Unidos, esta massificação patente no pós-guerra e intensificada ao longo do século é menos benéfica do que o pensado - transformámo-nos em clones. Clones puros e duros, que se vestem da mesma maneira, ouvem a mesma música, comem nos mesmos sítios a mesma comida, que se divertem da mesma maneira, hoje mais do que nunca.

No entanto, nada como uma revolução de valores para mudar qualquer percepção conservadora de algo tão aparentemente permanente, como o casamento.
Foi bom, e tão mau ao mesmo tempo. Mas era inevitável: num mundo capitalista, do domínio do país ao domínio do mundo vai um passo pequeno; apenas bastou que as bases morais se desmoronassem para entrar e mostrar um novo mundo.
Um belo mundo, ou o caminho para um outro pesadelo?

Há sempre o outro lado da moeda.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um bem haja às novas culturas!

Um bem haja aos novos movimentos culturais dos anos vinte! Sem eles, quem nos diz que teríamos,  mais tarde, isto:


Ou isto :


Ou mesmo isto:


Espalhar o jazz foi uma benção!

domingo, 4 de outubro de 2009

Reescrevendo os livros

A História está repleta de utopias, ou, pelo menos, de belas ideias talvez demasiado vanguardistas ou revolucionárias para a mentalidade humana, que acabaram por não dar em nada.
E não precisamos de ir muito longe para o comprovar; assim de repente, vêm-me à memória pelo menos duas ocasiões em que o mundo podia ter sido um lugar melhor se tudo tivesse corrido como previsto, sem aquele maldito egoísmo a intrometer-se no caminho.

Será que se a Sociedade das Nações não tivesse sido um fracasso, e alguns países mais conscientes, a II Guerra Mundial ainda teria lugar nos livros de História? Será que teriam morrido aquelas 55 milhões de pessoas (se não me falha a memória)?
E se Lenine tivesse conseguido, através do comunismo de guerra, criar efectivamente uma sociedade sem classes, livre do capitalismo económico? Viveríamos ainda num mundo em que co-habitam no mesmo país - mesma cidade, até - casos de pobreza extrema e de riqueza descomunal?

Tanto o Presidente Wilson como Lenine tinham ideias que, bem aplicadas, teriam transformado o modo como toda a História decorreu. Não que tudo aquilo em que acreditavam e faziam fosse o mais correcto, mas era, sem dúvida, talvez um pouco melhor do que o que lhes sucedeu.

A Sociedade das Nações e os princípios de Wilson, apesar de terem falhado uma vez, tiveram uma segunda oportunidade (apesar das tristes circunstâncias) - a Organização das Nações Unidas ainda hoje funciona e actua, como devia ter acontecido no início.
Quanto a Lenine, nunca saberemos se teria conseguido criar a sociedade que idealizara, e, para si, nunca houve uma segunda oportunidade. Porque, apesar dos ideais marxistas-leninistas terem sido espalhados pelo mundo, nunca foram totalmente implementados, porque, como o egoísmo, também a ambição faz parte do ser humano.
No entanto, eu teria vivido muito bem sem a existência de mortes em massa (seja qual for a nacionalidade do assassino) e sem uma miríade de casos que todos os dias se ouvem.

Mas eu serei sempre uma utópica eterna. E quem me diz que tudo teria sido diferente?