quinta-feira, 4 de março de 2010

Filmes e História IV - revoluções



De: David Cronenberg

Fiquei tão plenamente apaixonada por este filme que ultimamente tenho falado nele talvez vezes a mais. Mas talvez este não seja o local apropriado para começar agora com estes devaneios.

O importante em M Butterfly, no contexto histórico, nada está relacionado com a história do filme propriamente dito (ja que este filme é uma história de amor, um filme sobre a mais profunda natureza humana). No entanto, se o virmos tendo em vista apenas esse contexto, podemos encontrar várias detalhes interessantes e importantes.

A história de M Butterfly passa-se na China dos anos 60, em plena Revolução Cultural. Exactamente por isso, e por uma das personagens principais ser um artista, conseguimos perceber um pouco daquilo que se passou na época.
Vemos os guardas vermelhos a queimar (quase literalmente) a cultura e a mentalidade
da época. Vemos a preocupação da Governo em saber o que se passa nos países capitalistas, tentar projectar o seu próximo passo. Vemos as ideias e consequências da Revolução, de Mao, e até uma certa perspectiva da população.

Ainda para mais, vemos a cooperação que existe entre países capitalistas e comunistas - ainda com a Guerra do Vietname em fase de projecto, a França já tentava ajudar os EUA e os chineses a ajudar os vietnamitas. Tudo acabou como sabemos.

Se virmos no contexto histórico, é um filme interessante acerca deste período. Não sei se seria o meu melhor conselho para uma eventual aula (a história do filme talvez nos distraísse um pouco do verdadeiro objectivo), mas não deixa de ser um conselho.


Porque este movimento deve ser estudado e analisado, tal como todos os movimentos em que uma só pessoa consegue mudar mentalidades gerais.
Se virmos bem, os jovens são sempre aqueles que aderem a cada um destes movimentos. São os jovens que precisam de algo em que acreditar, num mundo melhor ou numa nova realidade. Ernesto "Che" Guevara chegou a dizer que «Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética», e talvez seja por isso que o meu pai diz que, qualquer dia, largarei as minhas ideias revolucionárias e voltarei a não ter aquela vontade de mudar o mundo.
A Revolução Cultural foi exactamente um momento em que os jovens tomaram uma mentalidade e quiseram pôr em práticas as ideias que para si faziam sentido. Quiseram reeducar os seus concidadãos, mostrar a sua visão; a eles e ao mundo. Foi o regresso aos ideais quase utópicos de Marx e quase postos em prática de Lenine.

E quem fala em Mao Tse-Tung, fala no próprio Che Guevara, hoje considerado tão mítico por tanto jovem. Eu própria confesso ter a minha bandeira com a fotografia do senhor no meu quarto, ali para toda a gente ver.
Estas ideias comunistas, de uma sociedade equalitária e justa, eram os ideais que qualquer nação que tenha vivido tanto tempo sobre o poder de outra ambicionava. Foi por isso que tantas revoluções socialistas tiveram lugar por esse mundo fora depois da Segunda Grande Guerra, ou pelo menos assim aparenta.
Isso e todo o apoio dado pela URSS, que um pouco de apoio de um gigante é sempre bom para combater outro gigante.

1 comentário:

  1. Está muito interessante este poste.
    Poderia ser melhor explorado e se possível meter imagens que ilustrassem o texto.
    Seria bom fazer mais pesquisa, para que através de imagens e videos enriquecer o blogue.

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Crónicas à minha História